sexta-feira, 23 de maio de 2014

Compreendendo a Liraglutida



A Liraglutida, um análogo da hormônio “glucagon-like peptide-1” (GLP-1), é um fármaco novo mercado com a aprovação da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em março de 2010, conhecido pelo nome Victoza®. Está disponível na forma de solução injetável na concentração 6,0 mg/mL em sistemas de aplicação (multidose e descartável) pré-preenchidos com 3 mL cada. É usada constantemente no tratamento da diabetes tipo 2, para controle glicêmico em adultos, quando dieta e exercícios não são suficientes para este controle. A Liraglutida também melhora os fatores de risco ligados à obesidade, redução da circunferência abdominal, pressão sanguínea e sintomas pré-diabéticos.
As drogas estimulam a produção de insulina e aumentam a sensação de saciedade por isso acabam sendo usadas também por pessoas sem diabetes tipo 2 para perda de peso, não recomendada por especialistas.
A ANVISA, não reconhece qualquer outra utilização terapêutica, a não ser como agente antidiabético, não havendo nenhuma indicação da empresa detentora do registro para outras finalidades. O FDA (Food and Drug Administration) emitiu alerta em 13 de junho de 2011 sobre aumento do risco para pancreatite. O EMA (European Medicines Agencyinforma que as solicitações de alterações pós-comercialização foram: inclusão na bula sobre efeitos de pancreatite, alteração da função renal, desidratação, e alteração da tiróide. E reações adversas mais frequentes são: hipoglicemia, dores de cabeça, náusea e diarreia.
Por ser um fármaco novo, não há dado suficiente sobre as consequências do uso prolongado. Contudo, com base nos ensaios clínicos disponíveis, sabe-se que o uso de liraglutida está associado a efeitos sobre a tireoide, particularmente em pacientes com doença pré-existente nesta glândula. Entre os relatos incluem-se aumento da calcitonina sanguínea, bócio e neoplasias da tireoide.  Seu uso não é recomendado para pacientes com disfunção renal relevante
O fármaco sendo análogo ao GLP-1, ele reproduz a ação desse hormônio. Produzido na mucosa intestinal e sua secreção é estimulada por nutrientes, no período pós-prandial.  Por reduzir as contrações do intestino quando o bolo alimentar chega ao íleo, assim, tendo um tempo maior para absorver os nutrientes ingeridos, produz uma sensação de saciedade.
O medicamento é injetável e aplicação é feita pelo próprio paciente,uma vez ao dia, no subcutâneo. A medicação já vem em uma caneta aplicadora equipada com uma agulha muito fina o que torna a aplicação praticamente indolor. . A aplicação diária da liraglutida proporciona efeitos mais prolongados que o próprio GLP-1 
Segundo a pesquisadora María Dolores Garcia de Lucas, da Agencia Sanitária Costa del Sol, Espanha, a Liraglutida melhora o controle metabólico em pacientes diabéticos obesos e risco vascular (pressão arterial sistólica), reduzindo peso, centímetros de cintura, hemoglobina glicosilada (HbA1c).  Outros dos benefícios notados com esse teste foram o aumento do HDL e a redução do LDL, triacilglicerídeos, aumento da adiponectina.


IMC = índice de massa corporal; CC = centímetros de cintura; TAS = pressão arterial sistólica; TAD = pressão arterial diastólica; HbA1c = hemoglobina glicosada; TG = triacilglicerídeos

Outra questão, foi a diminuição de fibrinogênio, o que é algo grave, pois essa glicoproteína é utilizada na coagulação do sangue.
Em outra pesquisa, brasileiros da UFRJ deram um passo muito importante para mostrar que o mal de Alzheimer é uma espécie de “diabetes do cérebro”, assim, poderia ser tratado com agentes antidiabéticos. Com conclusão na capa da revista científica “Cell metabolism”. Uma das pistas sobre, é por conta da insulina, que também atua no cérebro, ajudando a estimular as conexões entre neurônios e a própria sobrevivência deles. Assim a alteração da atuação desse hormônio poderiam abrir caminho para a proteína beta-amiloide, que destroem os neurônios. Nos estudos mostraram que essa proteína beta-amiloide ativa moléculas, que nos diabéticos, faz com seu organismo não responder à insulina.
Em camundongos, os pesquisadores viram que, o remédio (liraglutida), protegeu as conexões cerebrais e até as restauraram. "Também conseguimos demonstrar esse efeito protetor em macacos", diz De Felice, líder da equipe de pesquisa. “"Dois grupos de colaboradores nossos nos EUA e no Reino Unido já estão fazendo esse teste, nos EUA com insulina inalada e no Reino Unido com liraglutida e outros antidiabéticos, mas vamos precisar de alguns anos para resultados mais claros."




Referências:
http://www.cff.org.br/noticia.php?id=712&titulo=CFF+publica+Nota+T%C3%A9cnica+sobre+Liraglutida   
http://www.cff.org.br/noticia.php?id=1540&titulo=Droga+antidiabetes+trata+Alzheimer+em+roedores




Por: Lucas Sousa Melo

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